sábado, 19 de março de 2011

Encourar-se para lhe dar com o gado é costume antigo e Universal...

         

Chapéis usado pelos vaqueiros
Utensílios usados  pelos vaqueiros
Roupas usadas pelos vaqueiros, em couro
    Encourar-se para lidar com o gado é costume antigo e universal. Em Portugal já se usava enervar-se ou tomar dos couros, isto é, vestir a veste ou véstea de couro. No sertão, mêrce da vegetação arranhenta e espinhosa, vestir os couros torna-se obrigatório. O encouramento completo é formado pelo chapéu de couro, gibão, guardapeito ou peitoral, luvas, perneiras e sapatos ou chinelas. O conjunto era feito, antigamente, de couro de veado. Hoje utiliza-se, geralmente, couro de veado.
VAQUEIROS ( Exposição Dragão do Mar)


O início no     Ceará data final do século XVII. O gado nativo, pequeno e rijo, que alguns denominam crioulo, é costumeiramente chamado de "pé duro" pelo matuto. Embora descenda dos aqui chegados de Portugal, foi resultado de um longo período de adaptação ao meio e é dotado de uma resistência especial às grandes secas características da região. Posteriormente, foi cruzado com outras raças, entre elas o zebu, o holandês e i jérsei.
Devido à disponibilidade de terras e pastagens, era criado solto. Só veio conhecer limites no século XIX, com o surgimento das cercas motivado pela expansão do cultivo do algodão.





Ninguém mais que o vaqueiro sofre ao ver o gado morrer de fome e de sede, durante as grandes secas. Como responsável pela sobrevivência do rebanho, ele redobra cuidados e não mede sacrifícios. Cava poços especiais, raciona água, retira da caatinga alimentos, corta e queima a palma e o mandacaru para dar ao gado. Caso o boi já não possa se por em pé, faz-lhe uma rede, espécie de estrutura de varas, para evitar que ele se proste em terra, permitindo que continue se alimentando.
Antigos Vaqueiros
         O vaqueiro é figura imprensindível no imaginário sertanejo. Ícone da lealdade e da bravura, ele é o guerreiro e também, o amante cavaleiresco, no romanceiro tradicional da região. Assim aparece no cordel e nos contos tradicionais. Nas cantorias e repentes, nos aboios versejados e, até mesmo, nos terreiros de catimbó e macumba, ele é o herói corajoso que vence o barbatão e conquista o amor da sinhazinha. Já nos reisados, nos bois e no teatro de bonecos, onde aparece como anti-herói, o que se destaca é sua astúcia e molecagem, seja como Pai Francisco, Mateu ou Benedito




O dia do vaqueiro começa muito cedo ao curral, tirando leite das vacas, desmamando bezerros, apartando gado. Depois de uma merenda ligeira, põem-se ao campo, na persiga do gado tresmalhado. 
leva alimetação originária do próprio gado ou de alguma criação, queijo e carne seca, complementados com rapadura e a água da borracha. De tarde, volta com algumas reses ainda sol claro para novos afazeres no curral, talvez a cura de uma bicheira ou o "benefício" de uma castração.

segunda-feira, 14 de março de 2011

BRINQUEDO- A ARTE DO MOVIMENTO


    Sentimento e ação, unem-se para dar vida e função ao objeto lúdico...o brinquedo... capaz de traduzir desejos pessoais e temas que identificam famílias, grupos, sociedades, regiões.
     Fazer brinquedo é também brincar, experimentar a transformação de cada material, cada cor, volume, textura e finalmente uso, quando o objeto ganha o sentido de ser único, pessoal, assumindo muitas vezes uma humanidade relativa.
    A exposição quer dialogar com o grande público, mostrando expressões de arte popular, da capacidade de inventar a partir de materiais reciclados ou de materiais tradicionais como o barro.

Exposição Brinquedos (Dragão do Mar) Macão Goes

                                                 EXPRESSÕES DOS SONHOS
      Os brinquedos populares tem papel de destaque na congregação histórica, social e cultural das manifestações de arte popular. Assim os muitos variados brinquedos que chegam de invenção e do desejo de brincar estão representados na recente arquisição do Memorial da Cultura Cearense, a Coleção Macão Goes amplia e enriquece o nosso acervo.
      Os brinquedos são expressões dos sonhos e do que é fantástico, dessa maneira os artesãos mostram sua capacidade de resgatar e de interpretar o universo infantil, como também, os brinquedos existem para serem apreciados enquanto  resultados estéticos, verdadeiras expressões de arte.
      O Memorial da Cultura Cearense, no seu trabalho de valorização e de comunicação das muitas formas de transmitir aspectos relevantes da vida do Ceará, encontra nessa Coleção de Brinquedo Popular um acervo criativo que trata de muitas histórias e de diferentes artistas que sugerem para a brincadeira a mais viva experiência de dar a esse objeto a sua dignidade lúdica.

     A coleção Macão Goes - Brinquedos populares nasce da mão do Artesão, o inventor responsável de transformar um simples pedaço de madeira em um avião rico em cores e movimentos. Depois disso a coleção ganha vôo nas mãos da garotada. A criança da cidade e do interior brasileiro faz do avião um jato, a aeronave sobrevoa os limites da imagianação e por alguns minutos ultrapassa a barreira cósmica da miséria social.Por último a coleção sobrevive em minhas mãos.
      Ao longo de mais de trinta anos de estudo e formação em arte e educação, a pesquisa e a vivência com os criadores do mágico universo popular trasformaram um pequeno sonho em um acervo de 1.620 peças. A coleção foi crescendo e sendo objeto de desejo e de vida. Guardei as primeiras bonecas de pano e os lindos carrinhos de lata motivada por lembranças da infância e juventude, raízes familiares gaúchas, e ao mesmo tempo, nordestinas.
      De amigos, filhos e familiares, com suas doações, novos brinquedos foram sempre incorporados ao acervo: carros, bonecas com cabelos coloridos e roupas bordadas, roda gigante, balanço, gira-gira e muitos manés gostosos em suas piruetas maravilhosas... É um mundo miniatuarizado, uma cópia fiel do cotidiano adulto, no qual o artesão, ao fazer cada brinquedo, mistura fantasia e realidade e brinca com materiais e tecnologias diversas criando e recriando a magia popular.
       O brinquedo é ingênuo, frágil, mas rico em criatividade. É fruto da espontaneidade de homens de comunidades e povoados dos recôncavos deste país vendidos em mercados, praças, feiras e festas populars. O saber do artesão seja ele um aprendiz ou um artista popular reconhecido, é livre de qualquer preconceito quando fazer um brinquedo simples como o rói-rói até uma sofisticada peça e assim, este fazer pasa de geração à geração.




PARA SEMPRE CONTINUAR...
  O brinquedo acompanha a vida inteira, pois assume forte referência de afeto, significados criativos, tão criativos por parte de quem brinca como daqueles que inventam, dando assim, realidade tátil, pictórica, de volume e forma.
   Sempre haverá um lugar para o brinquedo popular. Ele encontra seu destino em cada olhar da criança, em cada desejo íntimo, secreto, que somente ele, brinquedo, será capaz de guardar e de ativar memórias pessoais.

     Dar vida ao pano, a madeira, a lata ou qualquer outro material é o pacto que se faz das maos dos artistas/artesãos as mãos que ampliam o sentido do objeto, dando toda a poesia possível, para assim,o brinquedo popular sempre continuar...